A ausência de investigações relativas à história africana durante muito tempo -período colonial, principalmente - levou muitos europeus (historiadores, filósofos, sociólogos…) a afirmarem que a África não tinha história antes da chegada dos europeus, que a sua população não era civilizada e que estava no estádio primitivo do desenvolvimento.
Entretanto as investigações realizadas por estudiosos africanos durante o período “ da febre das independências” e não só, demonstram-nos o contrário. De entre os referidos investigadores podemos destacar Joseph Ki-Zerbo.
A configuração das sociedades africanas em termos políticos, económicos, sociais, era diversa.
Existiam sociedades em que as relações sociais dominantes eram a família e o parentesco associados ao comunitarismo. Existiam outras em que as relações sociais eram mais complexas contando já com diversos aparelhos de administração e organização política e social. As práticas religiosas eram também diversas. O nível cultural de algumas civilizações estava já bastante desenvolvido.
1.1.1 A organização económica do oeste africano
a) As vias de Comunicação
Na maioria das sociedades, a agricultura era a actividade principal. A terra era o principal meio de produção e era propriedade de grupos, famílias ou clãs (conjunto de famílias com um antepassado comum, que se sentem solidarizadas por esse vínculo). Todo o trabalho era realizado numa base familiar e os terrenos de caça e pesca eram também utilizados por toda a comunidade (O Comunitarismo). Para a melhor produção agrícola recorria-se a técnicas apropriadas como construção de terraços rotação de culturas, mais tarde, utilização do esterco dos animais, pousio. Cada família era uma unidade de produção, auto-suficiente (desenvolveram a manufactura, produzindo artigos de uso doméstico, ferramentas agrícolas, tecidos e armas).
Existiam sociedades em que o comércio estava bem desenvolvido, aliás, isto nos é apresentado por alguns escritos deixados que nos mostram o grau de desenvolvimento do comércio das referidas sociedades.
Segundo Ki-Zerbo, é difícil apreender a vida económica na África pré colonial devido sobretudo a falta de dados estatísticos, no entanto, graças a alguns factores como: as escavações arqueológicas, ao facto das estruturas económicas do oeste africano não terem sofrido muitas modificações ao longo dos séculos (estabilidade das técnicas), o estudo da vida económica torna-se possível. Não obstante as dificuldades, deu-se no oeste africano factos importantes que convém salientar: selecção de novos géneros agrícolas, elaboração e difusão de técnicas novas em matéria de artesanato, transformação gradual das trocas comerciais a partir do século XVI, substituição das rotas do deserto pelos do litoral.
O nível de desenvolvimento económico que o oeste africano atingiu entre os anos 700 e 1400 foi notável. Segundo nos diz Basil Davidson, na Europa no referido período, formaram-se novos estados, fundaram-se novas cidades, desenvolveram-se novas técnicas. Contudo, durante grande parte desse período de crescimento inicial, embora tenha sido importante, os europeus foram superados pelos vizinhos africanos. Os grandes centros de permuta e da finança estavam em África e não na Europa. Nenhuma das novas cidade europeias se podia comparar em riqueza e magnificência, no poder dos seus mercados ou na qualidade das mercadorias manuseadas, com principais cidade em África
Em relação às vias de comunicação, elas estavam, sobretudo em alguns reinos muito desenvolvidos, conseguiram alcançar um notável grau de segurança, condição fundamental para a efectivação das trocas comerciais ( o Caso do Mali por exemplo, mesmo não tendo exército permanente devido ao custo que isso representava).
As vias transarianas foram os primeiros laços de contacto do oeste africano com o exterior. Eram vias meridionais (), cujo o desenvolvimento estava ligado ao das caravanas de camelos.
Rotas mais importantes
- Rota de Teghazza
- Rota de Fezãnia
- Rota Dorob el Arbair (rota das quarenta dias)
Géneros utilizados nas transações
- Do Norte : Tecidos, barras e braceletes metálicos, os couros a marroquinaria
- Do Sul : Ouro, noz de cola, marfim e os escravos
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